Tristeza
Não era tanto… Mas não cabia no peito
Era mais que pranto com lágrimas e olhos vermelhos
Assim pelo meu desespero,
Por despetalar o que fora inteiro
A dor era o amargo lenitivo
Era fronteira que dividia os sentidos…
E unificava os versos como música
Ah! Se aquela estação fosse a última!
Se não houvesse tantas após
Se o tempo não fosse meu próprio algoz
Quando a noite findava a loucura
Adormecia em Sol menor e despertava com a Lua
Seguia os áureos ventos que insinuavam as veredas
Era um peregrino das paisagens serenas
Mas se aproximava o temporal e o cataclismo
Agora a brisa é vendaval, e ascensão é declínio
Via o vão abissal que fragmentava minha alma
Eu já não era imortal como imaginava
Assim como o palco vazio de um teatro
Meu espírito num monólogo e… fim do primeiro ato!
Resta-me o império devastado, E uma esperança em ruínas
Que antes da noite chegar, Tu me levarás a vida
Agora… sou constelação de uma estrela
Sei que não é o momento… Mas desculpe minha tristeza…
O Céu pelo Avesso
Foi longo tempo nessa terra
Que se passou diante as trevas
Já não havia mais o dia
Só uma luz radioativa
Que incendiava nossas almas
Numa pulsante dor macabra
Ao se apagar, foi despertar
Os anjos caídos atirados ao abismo
E na sede do teu ódio
Levantaram-se os inimigos
É Guerra Santa…
E quem virá nos salvar
Se eu pudesse ver
O que há do outro lado
Se eu pudesse tocar
O que não conheço
Se eu pudesse voar
Pelo espaço
Se eu pudesse tocar
O céu pelo avesso…
E nasce como dor pulsante
A nossa sede pelo sangue
As sete velas se apagaram
Foi pelo sopro do pecado
Anjos de luz e anjos negros
Se enfrentavam no deserto
O nosso tempo terminara
Ao se quebrar a última espada
E renasceu um novo tempo
E passaram anos
E completaram milênios
Homens se julgam sábios
Deixaram o céu pelo avesso
É Guerra Santa…
E quem virá nos salvar
Querida Solidão
Muitas noites contigo passei…
Dormias em meu leito
abraçando-me… com força, apertava-te junto ao peito
Naquelas noites frias… Oh! Como sonhei!
Caminhavas pelo mundo de mão dada comigo,
sussurraste profundas palavras em meu ouvido…
Me fizeste apaixonar-me pela noite
pois na escuridão, meus úmidos olhos
não poderiam enxergar os amantes…
Nenhum deles era unido como fomos nós!
Nunca precisei sentir saudades
pois sempre tive-te ao meu lado
Do meu coração jamais saíste
e de minha alma jamais fugiste
Como minha sombra
Encontro-te em cada canto
para onde quer que meus passos me levam quando ando,
mesmo quando nas manhãs de primavera
de meu leito levanto…
Passei minha vida ao teu lado
e sei que, no dia em que tu partir,
em um túmulo jazerei calado
pois não ensinais-me a viver sem ti…
Minha querida solidão…
Sopro das Trevas
A morte bate a porta dos meus sonhos todos os dias
Sinto seus dedos frios me tocar
E o sopro do seu chamado em meus ouvidos
Convidando-me para com ela partir
Os meus pesadelos eternos
Dizem-me sempre
Qual o caminho certo a seguir.
Minhas lágrimas sanguíneas
Minhas gotas divinas
De sangue derramado
Doce e desejado.
Minha vida morta
Minha vitória sem glória
Meus pensamentos que vivem
Em função da morte e do passado.
Espera constante
Por um pesadelo distante
Que nunca chega próximo da realidade
Que sempre negam as verdades
Escondidas na pedra de gelo
Que tenho no lugar do coração
Que nunca sonham por mim
Que deixam que eu chore assim
Que nunca me dão perdão.
Gritos abafados
No silêncio da noite
Na véspera da morte
Que vem do sul, do norte;
De um inferno em chamas
De uma glória infâmia
De viver e ao mesmo tempo morrer
Gritos que soam como suspiros
Que suspiram esperando e desejando
Um sopro que venha das trevas,
A morte digna pela qual se espera.
ONDE ESTÁ VOCÊ
Onde está você que por um
instante pareceu não existir?
Onde está você, que faz meu
coração dispara…
ONde está você que me alegra
e me conforta?
onde está você que me faz suspirar?
onde está você que um
dia eu sonho ter?
Onde está você? Nos meus sonhos?
No mais profundo do meu coração?
nas minhas lágrimas em noites em claro?
ONde está você? Que um dia
eu sonho ter?
Quanto mais perto, mais longe.
“Perto de você a vida perde a importância,
O coração dispara, a alma congela!
Ocorpo em volúpia
começo a desejar-te!”
Perto de você o tempo para!
num isntante me vejo dentro de você!
Logo você se vai e eu
volto a dura realidade
que é está longe de você.
NOTURNA CARÍCIAS
“Lá fora a lua intensa
brilha com uma luz plena.”
Lúcio Vérnon
As nébulas desta noite
Cerca como a um filho;
Protege, acalanta, mima.
Gia como um farol a um navio;
Conduz a locais, de todo, desconhecidos.
Leva a um mundo utópico, ou real?
É doce as carícias da noite,
É suave se perder em encantos
Do puro, simples amor noturno.
É sentir-se bem, sem bem saber.
Uma veludosa brisa ousada,
Sopra inerte um trépido corpo
De alma já gélida e soturna;
Como se quisesse com tais carícias
Acordar algo há muito já fenecido
Por impossibilidades vitais da vida;
por impedimentos e outras formas.
É doce as carícias da noite;
Entretanto são já saudosas desde o início.
É suave se perder em encantos noturnos,
Mas é perdido onde crepita tais sentimentos.
DESEJO
Se pudesse desfrutar com você a minha inocência sexual.
Dividir com você todo prazer e cessões que sinto.
Dividir com você um momento eterno.
Deslizar sobre seu corpo as minhas mãos, que corpos não conheceram.
Tenho uma vontade louca de beijar todo seu corpo, e com suspiros sussurrar palavras doces nos seus ouvidos.
E no ato proibido ser completamente satisfeita.
Que por um tempo pudesse ser o seu grande amor e ao seu lado viver maravilhas eternas.
E com você escrever uma linda historia, como um conto.
Dividir com você momentos que são apenas meus.
Poder brincar, brigar, sorrir e chorar com você.
Apenas viver, que o meu desejo de te amar fosse unido com o seu.
E apenas eu e você pudéssemos desfrutar de um gozo eterno e apaixonado.
Que pudéssemos ser cúmplices das nossas historias, dos nossos desejos, dos nossos sonhos, das nossas manhas, das nossas noites e de cada dia que vivêssemos juntos.
Que cumpríssemos juntos a pena dos nossos pecados.
Apenas viver eu e você, nem que fosse um dia ou uma noite, mas que fosse apenas nós dois.
Que os meus sonhos fossem o seus, todos os meus planos o seus, as suas dores as minhas e as minhas felicidades fossem suas.
Apenas viver, eu e você.
Que no final do meu sonho, pudesse ter direito em realizar um desejo que seria.
APENAS VIVER EU E VOCÊ.
E quando eu acordasse pudesse sentir, o vento bater no meu rosto e a brisa da manha pela janela, olhar pro lado e lá está você.
Apenas eu e você.
PARA O EFEITO DO POETA
Não, amor não nasceu para o poeta,
Como o demônio não nasceu para ser Deus.
O poeta existe para sofrer, sentir e escrever.
O poeta tem apenas sua maudição como meta,
A maldição de escrever e sofrer os amores seus,
Gemendo teus ais, de esquinas em esquinas que vier.
O sonhar, sim, é para esses catadores de letras.
Somente ali poderar realizar teus ímpios desesjos,
Mesmo que seja apenas por milésimos de segundos.
Porque talvez seja o que o destino reservou, apenas,
Os mau dizeres da vida em insanos gritos roucos,
Ao revelar da verdade e do viver a ilusão; seus dois mundos.
Não a felicidade, também não para nossa classe.
Nenhum poeta pode ser feliz, não pode ser amado,
Exceto o amor de mãe, e dos que lêem tais versos.
Talvez se o poeta parasse e a caneta finalmente calasse,
Quem sabe deixasse de ser poeta, fosse para o outro lado,
Podendo amar, fosse feliz, enquanto nós somos os aversos.
ESPERANÇA
As lágrimas caem e onde foi você?
Não estás mais aqui para apara-las,
Não mais sinto teus toques, presença.
Seria antes a realidade real, imaginária?
O corpo palpita tépido o último suspiro,
Estremece a alma no súbito desejo de padecer,
E tu não estás para consolar na última hora,
A respiração falha ao coração parando…
A vista escurece, apenas vozes ao redor,
O frio aquece a alma para partir, voar.
Sua voz não deseja a boa viagem, bom pouso.
O corpo já não mais é a prisão da alma amante.
Ela ainda não sai desse infeliz ser, tua culpa,
Pedistes para não ir, mas tu quem foste.
Onde estás para deixa-lo partir, ser livre?
O desejo é morrer para se viver, onde estás tu?
Deixa-me entrar em ti…
Abra-te! Deixe-me entrar.
Se demoras a abrir… Derramo-me por debaixo da porta… Derramo saudades…
Sem delongas, digo rapidamente - Tenho frio!
Abra-te…
Minhas pequenas feridas,
Beija-as sem asco
Com amor, pôs-me em posição de decúbito
Não me renderei ao deísmo
Sem antes me deliciar da restauração do estrago regenerado…
Traz nas mãos, uma estrela cadente,
As marcas de um ventre, Délpara, deificando a sua existência…
Reluzente… Ampara-me o suspiro
Ostenta em minhas entranhas seu plasmo umedecente
Desenhando a primeira letra de teu nome com a ponta dos dedos…
Sorrio… Faz-me cócegas,
Surpresas atrás da porta…
Levanto o lençol e te peço - olhe minh’alma…
Ah! Se soubesses da louca que sou…
Parida; filha única de Atena;
Sonhadora; crê na justiça invisível,
Legado que me introduz o verso proibido
Não me deixa sossegada um segundo se quer…
Mordi do fruto proibido
O jardim das delícias não me perdoará…
Joguei veneno no Éden; pecadora; ardilosa…
Somente tu, inventando-me um novo Gênesis,
Alcança-me Redenção,
Com seus olhos bentos de água
Derrama-me candura;
Lava-me o lodo… Ponhas uma moldura em meu coração…
Mas escutes… De algo precisa saber
Nenhum adorno merece a minha carta de alforria…
Se tiveres que me salvar,
Ao menos, liberte-me… Entre o amor que geme e suspira,
Assino a carta da liberdade que voa.
E voo…
Voo.
Ela fuma sua tristeza,
Então descobriu:
Isso a tornava mais underground…
E o que talvez
As pessoas
Não percebessem
Era o seu encantamento pela tristeza.
Então ela continua fumando os problemas,
Sem vergonha,
Sem cuidados
Em seu coração
E Mente
Sempre
E sempre,
Os problemas,
Os golpes,
A escuridão …
E transformando
Absolutamente tudo
Em fumaça…
Deusa
“Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima,
Dançando com os espíritos no ar,
Além do círculo luminoso da vida,
Nas árvores desenhadas no céu luminoso.
Deusa da noite que me ilumina,
Tome conta de nossos dias,
Permaneça ao meu lado.
Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da Terra
E dos círculos de pedra,
Que meu olhar seja direto e minha mão firme,
Sem medo de enfrentar meu próprio reflexo.
Abrace os mortos,
Fique ao seu lado,
Tome conta de nossos dias,
É o fim.
Não temas!
Sinta as sombras no seu coração,
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